quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A Peça de Teatro Real

Olá. Imaginem que a vida foi escrita como se fosse uma peça de teatro. Mas não foi escrita por ninguém em especial, ou melhor, foi escrita por muitos anónimos diferentes, todos os nossos antepassados. Agora imaginem que estão no palco, mas que não têm nenhum papel, ou que podem ter todos os papéis ao mesmo tempo, os que quiserem. Podem ser os heróis, os bandidos, e os juízes dos crimes imaginários que vos aparecem à frente. Se alinharem por todos os papéis igualmente, a peça será muito mais interessante e os espectadores gostarão. Se se "agarrarem" a um papel em especial, a peça correrá muito mal.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A realidade é como uma ilusão

No filme Samsara, de Pan Nalin, a personagem Tashi engana a sua mulher Pema com a personagem Sujata. No entanto esta diz: "A Pema tinha-me dito que me irias tentar seduzir"! Portanto será que Tashi enganou realmente a mulher ?

Apesar de não estar explicito a relação, parece-me que isto pode ser visto como a parábola budista de que a vida é como a ilusão mágica de um grande ilusionista. O ilusionista conjura seres ilusórios que são levados ao nirvana, à salvação, mas em boa verdade, como são seres ilusórios, nenhum na realidade foi levado ao nirvana. Na realidade, o próprio ilusionista é ilusório.

No entanto afirmo que não entendo esta parábola na sua totalidade.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

2 kung-ans do imperador Tran Thai Tong (Séc XIII)

O que se segue são dois kung-ans (mais conhecidos pelo termo japonês koans) do imperador vietnamita Tran Thai Tong, que reinou no Séc XIII da era cristã. Um kung-an significa um "registo público", porque são pequenos textos que apontam para algum aspecto mais escondido da natureza da realidade, se estivermos atentos, e claro, se tivermos na nossa posse os dados necessários para interpretar o kung-an. O imperador Tran Thai Tong praticava activamente o budismo durante o seu reino e publicou dois livros, e os dois kung-ans que se apresentam são retirados de um dos quais, Khoa Hu (Lições sobre o Vazio). O primeiro não é estritamente um kung-an, mas penso que faz parte da introdução do livro.

1 Um monge disse: " Não mais permitir que a poeira vá para os meus olhos, não mais convidar a comichão a instalar-se coçando-me, esta é a minha visão do caminho. Acha que cheguei a algum lado ?"

O imperador respondeu: "A água que escorre pela montanha não pensa que escorre pela montanha. A nuvem que deixa o vale não pensa que deixa o vale."

O monge ficou silencioso. O imperador continuou "Não penses que o não-pensar é o caminho. O não-pensar está longe do caminho."

O monge respondeu: "Se é mesmo uma questão de não pensar, como podemos dizer se é longe ou perto ?"

O imperador disse: "A água que escorre pela montanha não pensa que escorre pela montanha. A nuvem que deixa o vale não pensa que deixa o vale."

2 Caso - O Mestre Nacional Vo Nghiep diz, " Se houver uma discriminação, mesmo do tamanho de uma ponta de cabelo, entre iluminação e não-iluminação, isso causará que as pessoas renasçam como cavalos e burros. O monge Bach Van Doan responde, "Mesmo que essa discriminação desapareça, as pessoas ainda renascerão como cavalos e burros".

Comentário - Se queimar a floresta, os tigres fugirão. Se agitar os arbustos, as cobras terão medo.

Verso -
Que frase idiota !
Para quê incomodar-se a atemorizar cobras ?
Se souberes o caminho para a capital,
Não precisas de perguntar a ninguém.


Fonte: Thich Nhat Hanh - "Zen Keys"